LIMITES & INDISCIPLINA

Olá queridos,
Esta semana aqui no blog, estaremos falando sobre a A Escola que Queremos. Quem são os personagens dessa escola e que lugar eles ocupam, serão alguns dos temas que analisaremos. Por esse motivo achei interessante compartilhar com vocês essa crônica de Celso Antunes. que embora seja direcionada à questão dos limites e da disciplina nos ajuda a pensar sobre esses personagens. Mas isso é o que veremos durante a semana. 

Vamos ao texto:

Cruzo com Thomas, meu vizinho de 12 anos. Sinto que sempre aprendo quando o escuto e, por isso inicio, o nosso "papo"
- Fala aí, meu amigo. Como estão as coisas no dia-a-dia de sua escola?  

- Vão mal, Celso, muito mal. Impossível prestar atenção na maior parte das aulas. Minha escola é uma generalizada bagunça. A indisciplina é total e quem não entra na farra acaba marcado . Conclusão, o professor ou professora fica lá na frente falando para uns quatro ou cinco e finge que não ver as guerras de papel, os "amassos", o palitinho, o jogo de carta e as discussões em torno das revistinhas eróticas. Um inferno...

- mas calma lá, amigão. Você não está exagerando? Será que em todas as aulas é assim? Será que ninguém consegue manter a disciplina e o diretor não faz nada?

- Não, Celso, nem todas são assim. A aula da Érica, por exemplo, não é "bagunçada". Ao contrário, todo mundo assiste e mostra interesse e ela é sem dúvida, a professora mais respeitada e a que sempre é procurada quando um ou outro quer um conselho, uma sugestão, uma orientação. Mas tirando essa mestra, os demais até que tentam, mas poucos conseguem. Quanto ao diretor, pelo amor de Deus, é apenas uma figurinha no meio de tantas figuras. Um dia, eu e a Mariana fomos reclamar e sabe o que ele disse? "E ai, o que vocês querem? No meu tempo já era assim! Escola, amigo, é isso mesmo e trate de curtir sua juventude, pois o tempo passa rápido". O que você acha, Celso, dá para ir reclamar uma segunda vez?

- É amigo. Com um diretor desses fica complicado. Mas, diga lá. Por que você acha que essa professora, e somente ela, mantém a disciplina? O que ela tem que outro não tem?

- Eu acho que tudo começou no primeiro dia de aula. A Érica foi entrando em sala e já enquadrou uns três ou quatro, dizendo que queria ter uma conversa com seus pais. Que aula era coisa séria, que estava ali para cumprir uma missão e que se o que pensava de escola não se identificava com o que os pais pensavam, tinha gente em lugar errado. Logo depois, mostrou para a classe que nada existia na visa sem uma espécie de "contrato". Que em uma família carinhosa, em uma empresa de sucesso, em uma partida de futebol ou até mesmo na curtição de uma festa, havia sempre um contrato entre os participantes entre tudo quanto "podia" ou "não podia". Explicou que, mesmo em um simples jogo de futebol existem regras e que quando uma delas deixa de ser cumprida, vem junto uma sanção. Que essa sanção não é castigo, é apenas um preço que se paga por uma regra que se quebrou. Logo depois foi debatendo com a gente as regras de uma boa aula. Foi sugerindo o que achava que seria correto ou não, e aqui e ali, até aceitou algumas regras que sugerimos. Agora deixa eu ir Celso, não posso me atrasar.

Lá se foi o Thomas com sua juventude, seu ímpeto e sua alegria, quase correndo pelo pátio úmido. E ali fiquei a pensar. O Thomas está certo em muita coisa, erra apenas em generalizar. Escola, em questão de disciplina é conceito abstrato. Toda escola é excelente e disciplinada ou é irremediável "bagunça" pelos mestes que acolhe e a quem dá apoio.

Texto  na íntegra



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1 Comentários

  1. Imagina só ouvir isso de um adolescente de 12 anos....
    Amiga, é assim mesmo que acontece. Há professores e 'professores'.
    Bela reflexão.
    Bjs.

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