Educar através do Riso

Recebi via e-mail as atualizações do Blog Depois da Aula, um blog que admiro muito pela qualidade e seriedade de seu conteúdo. E na primeira postagem do ano li um belo artigo sobre como perdemos por não educar através do sorriso...
Vou postar postar aqui o artigo na integra, como foi publicado no blog Depois da aula, pois creio que vale, e muito a pena ser lido  e relido por todos nós!

Mas antes vejam este vídeo!



Que bom seria se nossas crianças rissem assim enquanto estivessem nas escolas!



 A escola Perde a oportunidade de usar o humor como recurso didático


No célebre best-seller O nome da rosa, o filósofo Umberto Eco oferece ao leitor uma trama que passa pela obstinação de um monge em fazer desaparecer uma fictícia obra manuscrita de Aristóteles sobre um tema incômodo para a igreja medieval: o riso. O cenário era um milenar mosteiro europeu. Mas assim como nas conhecidas comparações que aproximam escolas e outras instituições que resistem a mudanças, esta história também poderia ser contada, ainda que com algum exagero, nos colégios atuais. Avessos ou, pelo menos, indiferentes ao tema do humor, os colégios perdem uma excelente oportunidade de abrir espaço para uma manifestação tipicamente humana, associada com inteligência aguda, capaz de motivar professores e os alunos e gerar um ambiente de melhor qualidade, justamente em tempos em que as brincadeiras de mau gosto e violentas, como o trote e o bullying, ganham as manchetes de jornais. 

"Ninguém fala disso nas escolas, o que é uma pena", diz a psicóloga Denise Gimenez Ramos, professora de pós-graduação na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). "Este é um tema fundamental, pois tem a ver com inteligência e saúde mental", resume. "A escola desdenha ou não vê valor em uma área que é muito rica e traz debates muito atuais e significativos", complementa o psicólogo Yves de La Taille, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), que vem pesquisando sobre as relações entre o humor e o campo da moralidade. 

Numa espécie de contrassenso, as escolas são espaços onde se ri - e muito, ainda que quase sempre da sala de aula para fora e de forma algo clandestina. Segundo Denise, há pesquisas que mostram que uma criança chega a rir 300 vezes por dia. Mas, na escola, por ser associado com bagunça, quebra de hierarquia, indisciplina, o riso frequentemente não encontra espaços de expressão. 

Há pelo menos três formas de notar a importância - e talvez a urgência - desse tema no meio educacional, em especial na Educação Básica. Em primeiro lugar, o humor possui um conhecido efeito de distensionar o ambiente. Em um momento em que se fala tanto em resolução de conflitos no espaço escolar, o humor pode funcionar tanto como um antídoto para relações excessivamente conturbadas, como um catalisador para relacionamentos humanos mais saudáveis. "O bom humor tem a ver com a capacidade de lidar com estresse e é um natural mediador de conflitos", explica Denise Ramos. 

O humor também pode se apresentar como um caminho para encurtar a distância cultural cada vez maior existente entre as gerações de professores e de alunos, o que tem impacto direto na sala de aula. Favorece o diálogo, promove vínculos e, principalmente, humaniza o relacionamento. Segundo o pesquisador James Neuliep, da Universidade de Wisconsin, que faz pesquisas sobre o assunto, como há uma natural diferença de status entre professores e alunos, o humor ajuda os estudantes a compreender o lado humano do docente. "Quando utilizado adequadamente, ele pode ajudar a reduzir a distância psicológica entre professores e alunos", escreve Neuliep, em artigo publicado no site da ASCD, uma organização norte-americana para o desenvolvimento curricular. 

Nessa vertente, podem ser consideradas não apenas as ações intencionais do professor para criar um ambiente mais descontraído, como também estratégias didáticas que têm no humor sua pedra de toque - como, por exemplo, o uso de jogos e brincadeiras na alfabetização, no ensino da matemática e de outras disciplinas. Essas representam, por assim dizer, percepções mais imediatas do papel positivo do riso na escola. Mas, na medida em que o nível de reflexão sobre o papel do riso se aprofunda, é possível notar que há muito mais do que descontração sob uma risada. Está em jogo a possibilidade da escola de trabalhar sobre aspectos mais profundos da educação, como a busca de sentido para a vida. 

Para Denise, as escolas não apenas deveriam ver no humor uma forma de crescimento pessoal, mas ativamente buscar desenvolvê-lo, já que se trata, segundo ela, de uma atitude que também pode ser ensinada e que frequentemente se aprende por imitação. Segundo ela, bom humor não é simplesmente dar risada de qualquer coisa, mas desenvolver um senso crítico, o que tem a ver com a possibilidade de distanciamento e de auto-observação. "O bom humor se relaciona com a capacidade do indivíduo de refletir, ou seja, conforme a etimologia da palavra, de dobrar-se sobre si mesmo", afirma. "O problema é que na escola aprendemos muito sobre a história do mundo, mas pouco sobre nós mesmos", diz. 

Yves de La Taille, por sua vez, defende que há questões verdadeiramente existenciais por trás do humor. "Para uma geração de jovens que está doida para encontrar algum sentido na vida, é um prato cheio", diz o pesquisador. Uma das razões que revelam a importância do humor é justamente a sua universalidade. "Todo mundo ri, seja bebê, seja idoso, em qualquer cultura humana, em toda parte do mundo", afirma. Contudo, diz Yves, as razões pelas quais se ri são muitas - e o humor é apenas uma delas.

Para ler reportagem completa clique aqui e leia direto do site da revista


Postar um comentário

0 Comentários